Era para ser rápido, porque spring training pode até não valer para o campeonato, mas exige tanto trabalho quanto. Yan Gomes, catcher brasileiro do Cleveland Indians, separou um tempo para atender à imprensa brasileira. Uma conferência por telefone, com limitação de perguntas por jornalistas para não prolongar muito a conversa. Foi o que o clube liberou para não atrapalhar a agenda.
No final, foi melhor do que parecia. Gomes falou com naturalidade, parecia até aliviado ou satisfeito por ver que tantos jornalistas brasileiros se interessaram em entrevistá-lo. E até aproveitou que o assessor deu uma saída para dar uma canja, conversando um pouquinho mais enquanto deu.
O primeiro brasileiro da MLB falou sobre beisebol no Brasil, como ele tem observado o trabalho de Paulo Orlando e André Rienzo, sua relação com seu país e a pressão que seu time pode eventualmente sofrer por ser a segunda franquia há mais tempo na fila.
Começo de carreira
Eu sempre vou agradecer meu início no Brasil e o pessoal que trabalhou comigo. Foi aí que eu aprendi que disciplina era muito importante e eu continuei com isso quando cheguei aos Estados Unidos. Tem de bater muito, se preparar, estar sempre pronto. Isso ajudou a chegar às grandes ligas em uma posição tão exigente como a de catcher.
Respeito muito o Rienzo e o Orlando pelo jeito como chegaram aqui e conseguiram seguir. Quando se chega no nível Double-A e Triple-A, o jogoc oemça a ficar mais sério. O Orlando está evoluindo bem, mostrando no spring training que ele é bom jogador. Vai ser legal quando ele subir, e tenho certeza que vai subir neste ano.
André Rienzo
O Corey Kluber tinha dificuldade no começo e foi o Cy Young no ano passado. O que mudou nesse tempo foi a confiança dele. Ele ia a campo e não sabia se estaria no time no dia seguinte. No que teve uma sequência boa e ganhou confiança, passou a jogar dentro de seu potencial e deslanchou. O Rienzo é parecido. Ele poderia ser um dos melhores arremessadores da liga ou, pelo menos, estar bem estabelecido em uma equipe. Mas ele precisa de confiança. Ele tem uma boa bola reta, uma boa bola curva, o cutter muito bom, o changeup vem melhorando muito. O fato de ele ter descido para o Triple-A não é um grande problema. Às vezes os caras só querem trabalhar um pouco o repertório dele.
Eu, o Orlando e o Rienzo não somos como todo o resto dos jogadores aqui. Nós não somos apenas jogadores da MLB, somos jogadores brasileiros da MLB. Nós mostramos a todos como os brasileiros são. Muita gente menciona o fato de eu ser o primeiro brasileiro da liga quando vem me pedir autógrafo, e eu sempre falo “Sou mesmo, e com muita honra”.
Crescimento da MLB no Brasil
Precisar fazer como fazem em alguns países e criar academias. É preciso mostrar o esporte e ter alguns lugares em que as crianças possam jogar e aprender. Não dá para comparar com o futebol, isso nunca vai acontecer, mas dá para crescer o esporte se houver mais investimentos na base. Já melhorou. Depois que fomos ao World Baseball Classic, mostramos que somos bons e muita gente da imprensa começou a dar mais atenção ao nosso trabalho. Mas precisa dar condições para que essas pessoas que tomaram conhecimento do esporte tenham onde jogar.
Pressão por título
Há dois anos, todo mundo ficou animado quando conseguimos a classificação para os playoffs e ninguém esperava. Agora, a cada ano, começam a falar um poço mais sobre a gente e sobre nossa classificação. Mas não acho que nossa equipe sinta alguma pressão externa por isso. O que tem mais é a nossa vontade de ganhar, já que cada vez mais ficamos confiantes no que podemos fazer
Fonte: Extratime.com.br